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Mundo, Internacional

 

Rafael De Conti



A Guerra Perpétua



O estado de guerra, de todos (os soberanos) contra todos os soberanos, é o estado natural.

O filósofo inglês Hobbes já falava sobre as paixões e a razão. Enquanto os pensadores alemães iam para os extremos: Kant esticava o lado da corda para a razão; Nietzsche para o lado das paixões, sendo a razão prostituta do coração. Voltemos em Hobbes: na origem, e em natureza, portanto, em latência e essencialmente, somos todos semelhantes em relação ao corpo e à razão, somos igualmente vulneráveis uns aos outros, e tememos a morte...

É assim também na vida dos Estados e dos Impérios (Babilônico, Egípcio, Romano, Bizantino, etc e etc). Nascem e morrem; possuem suas vulnerabilidades; estão à merce de conlúios de outros Estados, bem como da loucura e inteligência de seus comandantes. A ideologia é a paixão, a lei a razão. A lei é prostituta da ideologia? A História humana conhecida já mostrou que em muitos momentos foi. Talvez nesse ponto Marx esclareça melhor que Hobbes.

De modo que, assim como você tranca a porta de sua casa ao sair (por uma certa presunção natural de periculosidade do semelhante?), os Estados também guardam seus territórios, para que ninguém neles venham dizer como as regras são; os Estados defendem suas jurisdições (juris dictio, dizer o direito), para que as riquezas naturais e de seus povos não sejam saqueadas por estrangeiros. E não é justamente isso que vemos acontecer no nosso dia-a-dia? E não é justamente isso que a História da civilização (e in-civilidade) humana nos lembra?

Outras questões: quando se retira a "civilidade" das ações, o que resta? Brutalidade? Animalidade? E não é justamente isso (animais) que somos? E filho de animal (refiro-me aqui a nossa invenção chamada Estado) é também animal?

Sim, o conflito é normal. Poderíamos utilizar um Smith aqui e dizer que da competição individual se obtém a cooperação. Assim, a cooperação também é um fenômeno natural das sociedades. Como também o é a utilização da razão para superar o estado de guerra de todos contra todos.

Continuemos. Para se ter paz é preciso cooperar? Ou é preciso oprimir? Quando há conflito de interesses, quem resolve a questão? Uma organização internacional? Ou o Império da vez? Em um mundo escasso é natural que haja conflito? Psiquicamente, e por escassez, somos feitos para a guerra? A psico-análise do Estado é feita a nossa imagem e semelhança?

A paz depende de cooperação e opressão, conforme a situação o exigir. Maquiavel já ensinou: virtu e fortuna. Em geral, mas nem sempre, primeiro diplomacia, depois guerra. Qualquer forma coletiva será comandada por um elemento que se mostra mais forte. Mas mesmo os mais fortes não são tão fortes a ponto de oprimirem todo o resto. Mesmo que ninguém mate você, você apodrece por dentro com o tempo; o mesmo se dá com os Impérios. Com certeza a escassez e nossa psiquê são causa de guerra. O que se dá no plano do indivíduo se dá no plano do Estado. O plano do indivíduo e o plano do Estado são apenas dimensões diferentes feitas da mesma estrutura atômica.

Talvez não seja nem a Paz Perpétua, nem a Guerra Perpétua, mas sim a Guerra-e-Paz em pérpetuo movimento dialético. Nossa razão é capaz de conter a beligerância com acordos, que quando não cumpridos fazem o estado natural de guerra emergir. A comunidade internacional vem cumprindo seus acordos? Quais são os acordos da comunidade internacional?

Por certo que um acordo é a não destruição acelerada do planeta em que os seres humanos estão a viver. Mas nós estamos mantendo a casa limpa ou poluída? Nosso arsenal atômico é capaz de destruir quantas vezes o planeta? A capacidade de armas biológicas e manipulação genética para criação de mutantes é uma realidade da humanidade? A humanidade ainda é terráquea e, mesmo assim, destrói a Terra? Quanta "inteligência" para quê? Para acelerar a poluição do planeta e sofrimento humano e das outras vidas que aqui habitam?

Ah...estamos falando dos humanos, os seres auto-interessados que possuem ainda comportamento predatório...os Estados, criações dos humanos, também são egoístas...

Então a situação é a de que vários Estados possuem o poder de destruir a Humanidade. Tais Estados tem se acostumado a se degladiarem. Sairão os mesmos da era das trevas para o esclarecimento contratual-racional? Proclamarão os Estados um governante do mundo?

Está na hora do nacionalismo dar lugar ao cidadão do mundo?

Tributação mundial por um Estado Mundial?

Salário mínimo para todos, do Europeu ao Africano, dos Americanos aos Asiáticos?

Controle populacional mundial?

Voto e governo mundiais?

Quem tem o poder de controle do Mundo chamado Planeta Terra?

Quem deve ter o poder de controle do Mundo chamado Planeta Marte?

Marte e Terra entrarão em conflito?

Terra e Marte, esses dois pontinhos minúsculos no Universo.

25 de agosto de 2021


Por:

Rafael De Conti

Rafael De Conti, filósofo e advogado

 

 

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