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Brasil

 

Rafael De Conti

 



Emoções e razão do Estado: as rupturas institucionais no Brasil e no Mundo
(ou A Política dos robôs e o fim da Política)





A força é do corpo;

A razão é da mente;

O corpo quer;

A mente resiste?

O Executivo é o corpo?

O Legislativo e o Judiciário constituem a razão, para além da razão do Executivo?

Quem domina quem?

Se o policial se recusar a cumprir a ordem judicial, sofrerá efetivas consequências na conjuntura atual?

O juiz, sem o policial, consegue fazer a ordem do Estado valer de fato, quando há necessidade do emprego de força física?

Se o caminhoneiro fizer greve, parar o Brasil, e o juiz mandar o policial usar força para destravar, e o policial se recusar, como que a ordem judicial será cumprida?

E se o policial militar, ou a polícia federal, for cumprir uma ordem judicial e se deparar com uma barreira de militares puros que expressamente dizem que irão impedir o cumprimento dessa ordem?

De modo que as categorias de base, transporte de carga, segurança pública, militares e etc, possuem extremo poder de mobilização do país. E essas classes possuem cada vez mais a consciência acerca desse poder.

Em regra, o chefe do Executivo é quem é o chefe da polícia, da força. Nesse sentido, o Executivo é mais forte que o Judiciário e o Legislativo. O Governador é o chefe da polícia militar. O Presidente é o chefe dos militares.

A ruptura do tecido constitucional do checks and balances ocorre quando o Executivo se recusa a cumprir a ordem do Judiciário. A engrenagem de divisão do poder entre os Poderes deixa de funcionar. E a "razão" de Estado sai do Judiciário para repousar no Executivo.

É isso que se quer para o Brasil da segunda década, do terceiro milênio?

Se sim, por quê se quer romper com o Judiciário?

Os juízes estão pior que os políticos, na opinião da maioria do povo?

Sérgio Moro cagou na retranca?

Há ministro na Suprema Corte que traiu os princípios constitucionais? A raposa cuidando do galinheiro?

Há interesse privado, da família do político que ocupa a presidência do país, em atacar o Judiciário?

Quem julga o julgador?

E quem guarda os guardas?

Quem "educa" o julgador e o guarda?

Essas, tarefas de todos? Todos devemos educar e vigiar as autoridades, sejam do Executivo, Judiciário ou Legislativo?

É isso: a sociedade precisa vigiar e educar as autoridades, todas, sem exceção.

A sociedade precisa vigiar o Estado, esse monstrengo feito a nossa imagem e semelhança psicológica. E quando a sociedade dorme, daí é essa balburdia que se vê faz tempo, e que está a arrebentar com a Economia real da gasolina, da desvalorização da moeda, da inflação, do custo de vida mais elevado para todos, principalmente os mais pobres sofrendo mais para custear a alimentação, vestuário, transporte e moradia. PIB do país muito abaixo de seu potencial.

Mas observe: a linguagem é a força sobre o cérebro.

Convence-se a massa com palavras, tamanho seu poder.

Então a força psicológica é maior que a força física.

Comande a mente, e comandará o corpo, seja seu, seja de outrem.

Ideologias são criadas com o controle da mente.

E a mente se comanda com a linguagem, com palavras.

É a força sobre o cérebro.

Mas quem é responsável por conformar o cérebro das pessoas que possuem a força, como as pessoas do transporte de carga e da segurança pública? É o juiz? Ou é o político?

Então a razão que convence a força é a do político, que está tanto no Executivo quanto no Legislativo. Estou falando de Vereador, Deputado, Prefeito, Governador, Senador, Presidente. São esses que convencem o povo, a massa, a se conformar com determinado padrão de organização social.

Ou será que quem mantém o povo conformado de tal ou tal forma é o main stream da midia, as empresas de mídia? Rádio, Televisão e Internet? As redes sociais?

O conhecimento que está disponível hoje para o caminhoneiro, o guarda, o juiz, o político, eu, você, é o conhecimento que está na Internet? Cada um em suas respectivas bolhas? Sendo alimentados por obscuros algorítmos que nos guiam no "aprendizado" do dia-a-dia?

Pouco ser humano e muito algoritmo? Nós, humanos, ainda temos "controle" sobre nosso destino?

De modo que a ruptura não é apenas entre os Poderes constitutivos do Estado...é muito além...é uma ruptura do ser humano consigo mesmo...o ser humano está subjugado pela máquina, o robô, a "IA", os algoritmos que ninguém sabe como funcionam, e os quais passam a operar as massas, e a conformar o Estado, as eleições, a cultura e a sociedade em geral.

Uma Política feita por robôs e algoritmos obscuros é Política?

A Política dos humanos acabou?

29/08/2021, 01/09/2021, 12/09/2021


Por:

Rafael De Conti

Rafael De Conti, filósofo e advogado

 

 

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