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Brasil

 

Rafael De Conti

 



Política "Quântica": cada escolha, uma mera crença? Cada crença, um banquete de consequência?




I - A Ciência e a Filosofia

Você, se frequentou aulas de Química na infância e adolescência, provavelmente já ouviu essa frase: "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"...vamos observar essa frase...independente de quem a disse, ou nas exatas palavras usadas à época...esqueça o nome do Lavoisier e a Revolução Francesa, que o gilhotinou...apenas observe a frase: "tudo se transforma...nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".

Se tudo se transforma, então tudo sempre existiu?

Se nada se cria, o "nada" é apenas uma palavra? E o criar sinônimo de re-arranjo do já existente?

Se nada se perde, não há morte? A morte seria uma mera ilusão?

O Universo é um sistema físico-químico fechado?

O químico francês Lavoisier estava a falar do princípio da conservação das massas. Nesse caso, estava a defender que a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos, ou, por exemplo, que a massa de hidrogênio que reage com a massa de oxigênio, formará água com a mesma quantidade de massa que havia nos reagentes (hidrogênio e oxigênio).

E quando pensamos que E = mc2, energia é igual a massa vezes a velocidade da luz ao quadrado, verificamos que há uma relação entre uma enorme quantidade de energia e uma pequena massa, já que a luz viaja a aproximadamente 300 mil km/s ou 300 milhões de metros por segundo. Aqui já estamos falando de Einstein. Estamos aumentando a lente sobre o objeto observável, à medida dos angstrons e para muito além.

De modo que tudo está conectado...as moléculas formadas pelos átomos...a massa conectada com a energia...e aí?...é partícula ou é onda?

A Física é mais elementar que a Química, e a Filosofia é mais elementar que a Física. Voltemos à Filosofia.

De que adianta conseguirmos compreender de que entre nós não há diferença (já que quando vamos reduzindo, dividindo ou aumentando a lente, verificamos que tudo é a mesma coisa) de que adianta tal compreensão se não cultivamos o bem viver?

Sim, eu sei...o seu "bem" viver é diferente do meu "bem" viver...embora sejamos feitos dos mesmos átomos...mas estou a falar sobre essa nossa dimensão biológico-corporal da vida...em que temos a impressão de que existem qualidades para além de quantidades...estamos no plano da Biologia e nos estímulos que lhe dão prazer ou dor...e em como organizamos a nossa sociedade humana ao redor disso: prazer e dor, felicidade e tristeza, curiosidade e medo...

"Porra, cara...você está viajando muito...", você pode me questionar agora...e sim, estou...mas é preciso fazer isso para deixar bem sólido o ponto em que quero chegar nessa nossa conversa, seja você quem for, caro leitor...

Observe: formamos a nossa sociedade buscando o que se chama por ai de conforto, civilização etc...o ser humano deseja "criar" algo dele, re-arranjando a Natureza que o cerca...até dizem que o ser humano criou seres artificiais, como o Estado e máquinas várias...e até uma dita Inteligência Artificial...tudo para a satisfação de seu corpo e sua psiquê, que fazem parte de sua Biologia e comportamento...

A partir daqui, a questão que se impõe é: a que preço? Certamente, teremos nosso "fim" enquanto espécie humana que conhecemos...se o Universo é eterno, então apenas transformaremos em algo diverso...talvez pura energia, luz, espíritos no sentido dos filmes de terror, feitos para causar medo nas pessoas...as pessoas gostam de sentir medo...o medo move muitas coisas...a humanidade tem medo de sua morte...Elon Musk será o herói? A NASA, o Russos, os Chineses...todos heróis? Vão mandar o lixo da Terra para o sol? Para Marte? Abandonaremos nosso corpo biológico cada vez mais...mais virtualizados...faremos o uploud de nosso ser para outros corpos ou máquinas?...

E a mudança climática do nosso mundo, o Planeta Terra?...Nós ainda não conseguimos prever sequer quando ocorrem erupções vulcânicas, ou o tempo como estará daqui 6 meses...o futuro é incerto...não o controlamos...e a cada século renovamos toda a humanidade...como poderia uma época condenar a época futura à sua vontade?...impossível...por isso: cada época tem seus desafios e modo de vida...o futuro é liberto do passado...mas apenas o presente existe...

Em síntese, somos apenas uma manifestação do Universo. Estamos no Universo e o Universo está em nós.

II - A Política

Observe: a todo instante, nessa nossa conversa, eu estou a falar sobre a insignificância do ser humano e, para isso, estou utilizando argumentos científicos e filosóficos.

Ocorre que, de um ponto de vista prático, da ação política, isso pode ocasionar raciocínios e práticas perigosos, como, por exemplo: a população está excessiva para a Terra, e a desigualdade está gerando muita infelicidade; portanto, crie uma doença que extermine parte da população e esterelize outra, transmitindo-se riquezas com heranças, havendo no mundo menos pessoas para o mesmo número de bens e recursos...este é um raciocínio que parece ir de encontro com o Nazismo, o Fascismo e outras ideologias extremistas...a questão agora é: quem toma as decisões acerca desse tipo de prática? Existem pessoas e tecnologia capazes de realizar tal ação para controle populacional emergencial? Quem declara o estado de emergência? Quem mede o esgotamento da Terra? Há controvérsias acerca da mudança climática, considerando que nem quando um vulcão vai entrar em erupção o ser humano sabe?

Portanto, vamos todos relaxar. Não vai ser diferente do que sempre foi: se tiver uma nave só, e um pequeno edifício em Marte, caso a Terra entre em colapso para a vida, quem vai para Marte é quem tem o poder sobre a tecnologia.

Mas, ao mesmo tempo, é burrice o ser humano não otimizar a sua vida, o melhor que pode, enquanto pode. E por certo que chegar ao ponto de ter que estirpar uma parcela da população mundial como se fosse cortar uma parte da carne para salvar o todo do corpo, também é uma tremenda burrice e mal caratismo, os quais muitas vezes caminham juntos. Também, a desigualdade é causa de menor felicidade geral, seja o que cada um tome por felicidade, provavelmente alimentação, vestuário e abrigo dignos há de se ter para todos que vivem no Planeta. O corpo precisa estar satisfeito para outras qualidades humanas poderem ser cultivadas. Como é possível estudar com fome? Como é possível inovar e construir tecnologias sem estudar? De quais tecnologias o ser humano necessita hoje para ser feliz? A natureza natural das selvas, montanhas, pradarias, savanas e outros ambientes já nos basta? Ou você não gosta de insetos, leões, cobras e aranhas? Os bilionários, cuja riqueza é maior que a de países inteiros, são um fenômeno natural ou um câncer social?

E se a Democracia Direta Global fosse implantada, com cada ser humano com direito a 1 voto, de igual valor, seriam melhores ou catastróficas as decisões majoritárias? O Facebook tem essa resposta? Para o bem de todos, é melhor que uma parte menor e "qualificada" comande uma parte maior e "desqualificada"? O mais "simples" dos seres humanos, que nunca frequentou escola ou foi criado por quem quer que seja, um menino lobo, consegue escolher o que é melhor para si e para o todo? O que significa escolher? Quem pode escolher acerca do seu futuro e do futuro do Planeta? Cada escolha, uma mera crença? Cada crença, um banquete de consequência?


Nota: o termo "Quântico", usado no título acima, possui função meramente retórica, devido ao imaginário social criado ao redor da palavra, não buscando se referir sequer ao significado físico do termo, mas ressaltando a própria idéia de crença popular. Diferentemente, por exemplo, da obra Direito Quântico, de Gofredo Teles Junior.


25/09/2021


Por:

Rafael De Conti

Rafael De Conti, filósofo e advogado

 

 

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