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Rosa Luxemburg: Economia, Política, Filosofia




"Marx denomina capital constante aquela parte do capital que representa os gastos com os meios de produção, cuja magnitude de valor é transposta, inalterada, para o produto, mediante seu emprego no processo de trabalho. A outra parte, que por meio da apropriação de trabalho assalariado não-pago leva a um acréscimo de valor, à produção de mais-valia, é chamada por Marx de capital variável. Desse ponto de vista, é aplicável, normalmente, a fórmula

c + v + m

à composição de valor de qualquer mercadoria proveniente da produção capitalista. Nessa fórmula, c representa o valor do capital constante gasto, ou seja, a parte de valor correspondente aos meios de produção inanimados utilizados e transferida para a mercadoria; v representa o capital variável empregado, isto é, a parte do capital gasta em salários; e finalmente m, a mais-valia, que representa o acréscimo de valor resultante da parte não-paga do trabalho assalariado. Esses três componentes do valor encontram-se juntos, concretamente reunidos sob a forma de mercadoria produzida, tanto em cada exemplar isolado como no conjunto total produzido e tomado como unidade, quer se tratando de tecidos de algodão, de apresentações teatrais, de balé, de tubos de ferro fundido ou de jornais liberais. A fabricação de mercadorias não é o objetivo do produtor capitalista; é apenas um meio para a apropriação de mais-valia. Mas, enquanto se apresentar sob a forma de mercadoria, a mais-valia será inútil para o capitalista. Depois de produzida, portanto, ela precisa ser realizada ou transformada em sua forma pura de valor, ou seja, em dinheiro. Para que isso ocorra e o capitalista possa apropriar-se da mais valia em forma de dinheiro, é necessário também que todo o seu capital adiantado abandone a forma de mercadoria, retornando ao capitalista sob forma de dinheiro. Somente então, quando se consegue que a mercadoria toda, em seu conjunto, seja alienada por dinheiro correspondente a seu valor, é que se alcança o objetivo da produção. Como no caso da composição do valor das mercadorias, a fórmula

c + v + m

refere-se igualmente à composição quantitativa do dinheiro obtido com a venda das mercadorias: uma parte dele (c) repõe o capitalista seus gastos com os meios de produção empregados; outra parte (v) repõe os gastos com salários, e a última (m) constitui o excedente esperado, o 'lucro líquido' do capitalista, em dinheiro."

(Luxemburg, Rosa (1870-1919). A Acumulação da Capital. Volume I. Os Economistas. pgs. 11/12. Editora Nova Cultural Ltda., São Paulo: 1988)

 

 

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